Na Colina 'deserta', críticas, elogios e cornetadas incrementam jogo do Flu


O pequeno público em São Januário - 703 pagantes, o menor entre todos os jogos dos grandes nesta edição do Carioca - fez com que o time do Fluminense não tivesse apenas Abel Braga como técnico passando instruções. Além dele, muitos torcedores fizeram as vezes de treinador na vitória por 3 a 1 sobre o Macaé, na noite desta quarta-feira. Com o estádio vazio, as "instruções" e também as cornetadas podiam ser ouvidas em meio ao batuque das organizadas. Xingamentos foram proferidos em alto e bom som após o gol do Macaé, que abriu o placar. No entanto, o saldo após a vitória foi positivo e os 1.793 presentes saíram satisfeitos.
jogo Fluminense Macaé São Januário público (Foto: Marcelo Theobald / Ag. O Globo)Bruno se prepara para bater lateral: ao fundo, poucos torcedores (Foto: Marcelo Theobald / Ag. O Globo)


Antes de a bola rolar, o clima ainda não era tão ameno. A opção de Abel de deixar Deco, Rafael Sobis e Samuel no banco causou estranheza nos demais "treinadores". Mas o que gerou revolta a um torcedor de maneira específica foi a ausência de Felipe na relação para a partida. Em alto e bom som, ele não perdoou o verdadeiro comandante tricolor.

- Abel, seu paneleiro! Cadê o Felipe? Não pode - bradou da arquibancada.

Mas não foi só Abel quem sofreu no pré-jogo. Carlinhos, que vira e mexe é criticado por parte da torcida tricolor, também ouviu um recado no mínimo inusitado.

- Vê se não dorme, não, Carlinhos! Vamos lá - brincou.

Com a bola rolando, a bateria se animou e os gritos passaram a ser de incentivo. Mas o tom mudou após um vacilo do Fluminense na saída de bola, que acabou acarretando no gol de Douglas Assis. A derrota parcial fez ecoar gritos de "burro" e xingamentos para Abel. Parte da torcida ainda ficou dividida e continuou tentando empurrar o time, que conseguiu a virada com três gols de Michael ainda na etapa inicial. Aí o atacante passou a ouvir os elogios e até mesmo Abel deixou de ser alvo.
Na etapa final, o foco mudou. Com o Fluminense dominando o jogo, Rhayner passou a ser o jogador que teve o nome mais gritado. A cada boa jogada do atacante, aplausos e elogios. Mas o auge foi na hora em que sofreu o pênalti. Um torcedor mais animado gritou: "É hoje!", na expectativa de ver o jejum, então de 81 jogos sem gol, se encerrar. Mas a cobrança por cima do travessão aumentou em uma partida a marca, mas não diminuiu os aplausos, mostrando que os tricolores também querem vibrar com o meia-atacante.

No fim, mais aplausos e elogios, enquanto os jogadores rumavam para o vestiário. E a situação curiosa fez com que Abel Braga abrisse o sorriso e brincasse. Ele reconheceu que escutou muita coisa boa e ruim, e aproveitou para brincar com o auxiliar técnico Leomir.

- Virei para ele e disse que a gente não iria precisar nem utilizar o rádio. Dava para escutar tudo em São Januário (risos)! Falei que era só ele gritar lá da cabine que eu estaria prestando atenção. Foi curioso, mas além da mudança do estádio, o mau tempo no Rio também contribuiu para o público pequeno - comentou.

Após a vitória sobre o Macaé, o Fluminense se reapresenta nesta quinta-feira, às 16h, nas Laranjeiras. O time volta a entrar em campo no próximo sábado, diante do Boavista, às 16h (de Brasília), em Moça Bonita. Com sete pontos conquistados, o Flu é líder do grupo B da Taça Rio.




Fonte: Globo Esporte