Ex-promessa do Flu conta como foi parar na Segundona da Espanha


Vendido ao Arsenal quando ainda era das categorias de base do Fluminense, Wellington Silva se profissionalizou, disputou 17 partidas (fez um gol) pelo Tricolor e foi para a Europa. Sem o visto de trabalho para atuar na Inglaterra, a cria de Xerém foi emprestada ao Levante, onde quase não jogou. Agora, o brasileiro se aventura no Alcoyano, time da Segunda Divisão do Campeonato Espanhol, curte uma vida pacata na pequena cidade de Alcoi - onde é reconhecido pelo povo local - e promete trabalhar duro para voltar à Seleção Brasileira. Um retorno ao Flu não está descartado, mas o jogador garante que não acontecerá neste momento.
- Sinceramente, eu não sabia nada sobre o meu novo clube e sobre a cidade. Quando fiquei sabendo que eu estava de saída do Levante e que iria jogar pelo Alcoyano, corri logo na internet para saber como era a cidade de Alcoi (província de Alicante que possui 60.532 habitantes). Fiquei ansioso para conhecer tudo por aqui. Graças a Deus todos me receberam muito bem no clube, mesmo eu chegando por empréstimo. Isso tem me deixado muito feliz – disse o atacante.

Revelado pelo Fluminense em 2009, Wellington Silva foi comprado pelos Gunners no final daquele mesmo ano por € 4 milhões (cerca de R$ 10 milhões). Como ainda era menor de idade na época, seguiu no Fluminense. Pouco aproveitado por Muricy Ramalho, Wellington chegou ao Arsenal em 2011, mas, sem o visto de trabalho, não pôde atuar pelos Gunners, clube com o qual possui vínculo até junho de 2016. A solução foi ir para a Espanha.
O jogador estava emprestado ao Levante desde janeiro do ano passado. Pelo clube de Valência, disputou apenas duas partidas entre os profissionais, ambas na temporada 2010/11, e não anotou nenhum gol. Mas o jogador, ainda assim, exalta sua passagem pela equipe.
- Quando fui emprestado ao Levante, eu sabia que ia ser tudo muito difícil, até porque sempre tive minha família perto e cheguei no meio da temporada. Quando cheguei em Valência, era para jogar e ajudar o time a ficar na Primeira Divisão. O clube já estava na zona de rebaixamento. Só que dei o azar de o time começar a ganhar ou empatar várias partidas. Acho que só perdemos para o Real e para o Barça. E aí, todos nós sabemos que em time que está ganhando não se mexe e foi isso que aconteceu. Mas mesmo assim, fiquei treinando lá, me dediquei muito, mas infelizmente quase não tive espaço – afirmou.
Hit de Teló vira batismo no Alcoyano
De vida nova e morando atualmente em um hotel do Alcoyano destinado a jogadores recém-chegados à equipe, Wellington Silva garante ter ficado muito feliz com o tipo de recepção dos novos companheiros e do treinador. E revelou que logo em seus primeiros dias no clube, que luta contra o rebaixamento (é o 17º colocado na Liga Adelante, a segundona espanhola), foi obrigado a fazer um teste nada convencional: dançar “Ai, se eu te pego”, hit de Michel Teló.
- Fui muito bem recebido por todos aqui. O Arsenal geralmente tem essa cultura de emprestar jogadores para ganharem rodagem. São os casos do brasileiro Pedro Botelho, Samuel Galindo (Espanha) e do Campbell (Costa Rica). Está valendo muito a pena passar por essa experiência e o atleta tem que se acostumar com isso. No Alcoyano, todas as pessoas da diretoria, o treinador e os jogadores me receberam muito bem. Queriam até que eu dançasse “Ai, se eu te pego” (risos) no dia da minha apresentação, até porque tem aquela coisa do brasileiro de ser brincalhão. Dá para imaginar? Gostei muito do ambiente daqui, mas não dancei (risos) – revelou.
No último dia 20, o atacante fez sua primeira partida pelo Alcoyano. Wellington Silva saiu do banco, fez várias jogadas de efeito e anotou o gol que garantiu o empate da equipe por 2 a 2 contra o Almería. O feito do camisa 12 ganhou até destaque no site oficial do clube.
- A tentativa era que eu estreasse na semana anterior contra o Elche, que era o líder da competição. Mas, devido a problemas de documentação, só pude jogar uma semana depois, no caso contra o Almería. Fiquei muito feliz com meu desempenho na partida. Estava muito empolgado. Fiz um gol importante e na comemoração também queriam que eu dançasse “Ai, se eu te pego” (risos) – disse.


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Apesar da empolgação em jogar pelo clube espanhol, Wellington reconheceu não saber muito sobre Alcoi onde mora, mas garantiu que depois do gol marcado, sua vida mudou na cidade.
- Os taxistas me reconhecem e perguntam se eu sou o brasileiro que meteu o gol no Almería. Esse tipo de coisa. Geralmente, faço minhas refeições em um restaurante que tem aqui em frente. As pessoas vêm perguntar como está minha vida aqui, como estou nos treinamentos... Estou muito feliz - comentou.
Mais maduro e confiante para conseguir render no futebol europeu, Wellington Silva garante que sua rápida passagem pelo Levante o deixou mais maduro em razão da experiência com o novo idioma e do convívio com jogadores de diversas nacionalidades. O atleta, que já defendeu a seleção brasileira sub-17 e sub-18, almeja se firmar o quanto antes na Europa para realizar o sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira principal.
- Nesse momento, meu objetivo é seguir trabalhando, fazer tudo certinho para merecer uma convocação para a Seleção. Estou muito empolgado com essa oportunidade e espero poder fazer um bom trabalho aqui para conquistar meu visto trabalhista na Inglaterra – disse.
Enquanto a casa nova não fica pronta, o jogador, que é viciado em twitter, facebook e videogame, divide um apartamento com seu irmão Wallace para não ficar sozinho. Mesmo assim garante sentir muita falta de sua família.
- Agora, meu irmão Wallace está aqui comigo, me fazendo companhia. Estou feliz, mas sabe como é, um pouco chateado também pelo fato de os meus familiares não estarem todos aqui. Tenho mais três irmãs pequenas e sinto muita falta delas. Mas nesta semana todos estarão aqui comigo. Meu pai e minha mãe vêm me ver. Normalmente gosto de sair, sim, mas também sou caseiro e prefiro ficar jogando meu videogame, no twitter ou no facebook. É o que eu geralmente tenho feito por aqui - disse.
Sobre a possibilidade de voltar a atuar no Brasil, o jogador confirmou o interesse, mas acredita que esse não é o momento. Afinal, espera fazer carreira na Europa pelo Arsenal, jogar na Seleção e depois, quem sabe, voltar ao seu clube de coração.
- Toda pessoa tem o desejo de voltar, mas primeiro pretendo cumprir meus objetivos aqui pela Europa. O Fluminense foi o clube que me revelou, sou muito grato por tudo e vamos ver. Esse não é o momento - concluiu.

Fonte: Globo Esporte

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