Após virada na carreira, Rafael Sobis garante: 'Não penso em sair do Flu'

No Fluminense, o conceito de volta por cima tem nome e sobrenome: Rafael Sobis. Contratado em julho de 2011 por empréstimo de um ano, o atacante chegou às Laranjeiras desacreditado. Após a grave lesão no joelho direito ainda no Al Jazira, dos Emirados Árabes, o retorno ao Inter e a série de problemas musculares, o jogador sabia que precisava reagir. Foi quando o Tricolor abriu-lhe as portas. De incógnita a destaque, bastaram apenas seis meses, 26 jogos - sendo 18 como titular - e dez gols. Um dos motores da equipe do técnico Abel Braga na reta final do último Campeonato Brasileiro, o camisa 23 se diz totalmente adaptado ao Rio de Janeiro. Praticamente um novo carioca. Mas o fantasma de um possível retorno à Arábia ainda o atormenta. Tanto que Sobis prefere nem pensar no futuro.

- Ainda não pensei nisso. E, sinceramente, não quero pensar em sair do Fluminense. Estou muito feliz aqui, muito bem mesmo. Tenho um objetivo muito grande nesse curto período restante de contrato, que é a Libertadores. Vamos deixar acontecer. Claro que a torcida é para que tudo se resolva o mais rapidamente possível, mas as coisas não funcionam assim. Tem muita gente envolvida e muitos estão tentando. Não vamos sofrer agora... Vai haver muito tempo para isso nos próximos seis meses (risos) - disse Rafael Sobis em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM em Mangaratiba, sede da pré-temporada tricolor em 2012.

Aos 26 anos, Sobis se distingue da maioria dos jogadores do Fluminense. Articulado e roqueiro, o atacante atendeu a reportagem após um treinamento no gramado do Hotel Portobello e falou sobre o renascimento de sua carreira, a distância das lesões, a vontade fixa de permanecer no Rio de Janeiro e nas Laranjeiras, o lado quase carioca de um típico gaúcho, a dupla de ataque com Fred - eleita pelo camisa 23 como um de seus melhores parceiros de ataque - e, como não poderia deixar de ser, o seu gosto musical.

No tempo em que o sertanejo domina as rádios, o atacante fez até mesmo uma promessa que contraria a cartilha quase que sagrada dos boleiros tupiniquins: não comemorar gol algum em 2012 dançando o hit "Ai, se eu te pego", do cantor Michel Teló.

- De jeito nenhum! (risos).

Confira a íntegra da entrevista abaixo:

Você sofreu com lesões musculares em sua segunda passagem pelo Inter, mas no Fluminense são seis meses sem problema algum. Essa situação lhe surpreendeu? A que você atribui isso?

Boa pergunta. Nem eu sei explicar. Os profissionais do Fluminense são ótimos. Trabalhei e trabalho muito bem quando não jogo. Suportar 26 partidas sem lesão, como consegui no Campeonato Brasileiro, foi ótimo. Nem eu esperava isso. Foi melhor do que eu planejava, melhor do que eu imaginava. É aquele discurso de sempre: a esperança no começo de cada de ano é de que as coisas sejam cada vez melhores e de que eu consiga ficar longe de lesões, ou então superá-las mais facilmente.


O segundo turno do Brasileiro foi a grande virada na sua carreira após a grave lesão no joelho direito pelo Al Jazira-EAU?

Para mim, sim. Mas não preciso provar nada a ninguém. Quem trabalha comigo sabe o quanto eu me esforço. O quanto tento evitar lesões, estar melhor... Infelizmente, porém, nem tudo sai do jeito que a gente quer. Espero que as lesões não apareçam mais. Por outro lado, a pressão será maior, porque a esperança dos torcedores, e até a minha mesmo, é evoluir sempre. É o meu objetivo, meu próximo passo. Espero que essa evolução acabe com título e seja importante para o grupo. É bom sentir também esse gostinho de que minha volta por cima chamou a atenção das pessoas. Tive problemas e mais problemas depois da lesão no joelho direito, a mais grave. Ficou aquela pergunta: "Como está o Sobis? Será que ele está bem? Vai se machucar de novo".

A lesão mudou as suas características de alguma forma?

Com certeza. É só ver olhar os vídeos. Hoje eu não tenho dor alguma no joelho, mas a cirurgia muda a característica, a forma de caminhar. Muda sua forma de ser. Eu era muito mais rápido, muito melhor antes. Só que agora ganhei experiência. Você perde de um lado, mas ganha do outro. O importante é ser importante. Com o tempo, tentamos ajudar da melhor forma possível. Quem sabe não consigo ganhar um pouco mais de velocidade nesse ano? Seria muito bom.

Você já deixou claro que espera que a situação com o Al Jazira seja resolvida. Depois de tudo que o que passou com a camisa do Fluminense, preocupa a ideia de precisar voltar para os Emirados Árabes?

Ainda não pensei nisso. E, sinceramente, não quero pensar em sair do Fluminense. Estou muito feliz aqui, muito bem mesmo. Tenho um objetivo muito grande nesse curto período restante de contrato, que é a Libertadores. Vamos deixar acontecer. Claro que a torcida é para que tudo se resolva o mais rapidamente possível, mas as coisas não funcionam assim. Tem muita gente envolvida e muitos estão tentando. Não vamos sofrer agora... Vai haver muito tempo para isso nos próximos seis meses (risos).

O seu bom relacionamento com os dirigentes do Al Jazira pode ajudar na negociação?

É tudo uma questão de conversa. Fui muito feliz lá, um lugar maravilhoso. Adaptei-me bem. O clube cumpriu com tudo o que me foi prometido, e eu também fiz a minha parte. O Abel está ai como prova. Ficou três anos lá e também deve falar muito bem do clube. Se é um interesse do clube, do treinador e da direção a minha permanência, além também do Al Jazira querer me vender, já estaremos com meio caminho andado. O resto a gente conversa, tenta dar um jeito... Porque o meu desejo todo mundo sabe.

Você parece bem adaptado ao Rio, sempre postando fotos na praia no Twitter. Está gostando de ser carioca?

O Rio de Janeiro por si só é uma cidade muito fácil de se adaptar. Um povo receptivo, acostumado com gente de fora, e isso é ótimo. Por consequência, esses seis meses no meu trabalho foram ótimos, e a chance de você gostar do lugar é muito maior. A cidade é maravilhosa, minha família está superbem, está sendo ótimo para o crescimento dos meus filhos, e espero eu que isso siga por muitos anos. Se a minha família está bem, eu também estou bem.

Já conseguiu alcançar seu potencial físico e técnico no Fluminense?

Todo o meu potencial, não. Sei que tenho muito a melhorar. Se compararmos com o melhor momento que tive no futebol, ainda estou muito longe. Mas acho que já foi válido. Já é uma esperança. O time também foi bem, conquistamos uma vaga na Libertadores que no início do segundo turno parecia praticamente impossível... Esse tem que ser o objetivo do grupo e o meu também. Tentar melhorar sempre. Sempre fui feliz na Libertadores e vou com o pensamento de ganhar outra vez.

O que falta para chegar ao seu melhor nível?

Conhecer melhor o grupo, ter mais entrosamento, realizar uma boa pré-temporada, o que não consigo há dois ou três anos... Tudo isso ajuda. São coisas que vem para somar, e espero eu que no final isso some mesmo e me faça um jogador melhor.

O entrosamento com o Fred veio rapidamente. Já dá para elegê-lo como um de seus melhores parceiros de ataque da carreira?

Junto com o Fernandão no Internacional, no grande momento da minha carreira, com certeza. O que eu vi no Fred, fazia anos que não via em outro atacante de área. É impressionante. Esperamos que ele siga crescendo. Cada vez mais a gente precisa dele, dos gols dele, da pessoa dele dentro de campo e fora. É um líder. Espero que ele comece 2012 como acabou 2011. E que Fred seja o artilheiro da Libertadores e traga o título inédito para o clube. Porque qualidade de sobra ele tem.



Já são seis meses de clube. Conseguiu levar algum jogador para o mundo do rock?

Se depender de mim, não vai ninguém (risos). Se depender de mim, não... se depender deles mesmos. Não dá. Vou tentar ver com os reforços, mas está difícil. Agora está essa onda de sertanejo, né? Não é a minha música preferida, mas eu respeito. Se estou com meus amigos e eles gostam, vou escutar sem problemas.

Dá para imaginar o Sobis comemorando um gol dançando "Ai se eu te pego" então?
De jeito nenhum! (risos).

Fonte: Globo Esporte

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