Positivo para direção, negativo para Celso: Flu completa 1 ano sem Unimed

Pode até parecer estranho, mas a relação entre Fluminense e Unimed persistiu mesmo após a cooperativa de médicos ter rompido a parceria de 15 anos. Seja pelo orgulho da gestão de Peter Siemsen em reformular o clube, seja pelas críticas de queda de rendimento de Celso Barros, o presidente da empresa. A verdade é que, após um ano de vidas separadas, completado nesta quinta-feira, as partes têm um vínculo indireto. Que revela a disputa eleitoral de 2016. 

Foto: Reprodução Internet
Foi em 10 de dezembro de 2014 que a Unimed anunciou a não renovação do contrato de patrocínio. Fruto de uma revisão da estratégia de marketing, a decisão foi tomada para frear a crise financeira da empresa. Mas houve influência, claro, no relacionamento com o clube. Depois de apoiar as gestões de David Fischel e Roberto Horcades, sem maiores problemas, o dia a dia de Celso com Peter não era o ideal. 

A realidade tricolor passou a ser sombria. De uma hora para outra, o investimento iria cair drasticamente - a Unimed, em 2012, no auge, chegou a investir R$ 70 milhões. As contratações de nomes renomados, como Romário, Fred, Deco e Conca, havia chegado ao fim. Se a folha salarial em 2014 era de R$ 8 milhões, teve de cair pela metade na temporada seguinte. Seria possível repetir o título de três edições do Carioca, uma da Copa do Brasil, duas do Brasileirão? E ser campeão da Libertadores, sonho que ficou pelo caminho em 2008? 

- O Fluminense está preparado para lidar com uma mudança de modelo, uma eventual necessidade de diminuição, e fico com isso orgulhoso. Se meus cabelos brancos aumentaram foi para colocar a casa em ordem - disse Peter logo após o fim da parceria, ao lembrar o pagamento de mais de R$ 100 milhões em dívidas passadas. 

Foto: Editoria de Arte/Ge
 A relembrar: Diego Cavalieri, Gum e Fred renovaram contrato, Bruno, Carlinhos, Diguinho e Rafael Sobis saíram e Conca e Wager foram vendidos - todos ganhavam direitos de imagem da Unimed. Mario Bittencourt, assim como o presidente, não quis se manifestar sobre o primeiro ano sem a Unimed. Ao avaliar os últimos 12 meses, ao final do Brasileirão, porém, disse que o clube, ao contrariar muitas previsões, conseguiu andar com as próprias pernas: 

- Nos aflige não ter feito o ano como gostaríamos. Fui atacado por dizer que tivemos um ano positivo, por causa das dificuldades. Eu sei o tamanho do Fluminense, sou torcedor do clube. Tivemos muitos problemas perto do início da pré-temporada. Depois do Carioca, reforçamos para ter um elenco mais forte. Tentamos fazer. Início do Brasileiro foi bom, mas perdemos o fio, como aconteceu com outros times. Se você imaginar que, hoje, sejamos a nona, décima folha de pagamento do futebol brasileiro, talvez sejamos, entre os grandes clubes, o de menor folha. Diante de tudo isso, do cenário que se construiu, de que o Fluminense não sobreviveria, a gente acredita que estar entre os quatro semifinalistas nos faz ter algum orgulho do ano que construímos. 

Celso, porém, pensa diferente. Para o presidente da Unimed, a temporada do Fluminense foi “horrorosa”. Criticou o que chamou de “desfaçatez” da direção e garantiu não opinar como candidato, apenas como torcedor e conselheiro. 

- Sempre disse que o Fluminense precisava aprender a viver sem a Unimed. Logo após a nossa saída, o clube anunciou um novo patrocinador. Porém, pelo o que acompanho, há dificuldade nos pagamentos. Então, baseado nisto e no desempenho em campo, entendo que o ano não foi bom. Foi um ano horroroso. O desempenho no estadual foi ruim. Caímos na semifinal da Copa do Brasil. E o Brasileiro não foi bom. Falo como torcedor e conselheiro. O que mais me incomoda é a desfaçatez da direção. Falaram muito que não precisavam da Unimed. Há um erro. A questão não é a Unimed. E, sim, a parceria que resgatou o orgulho do torcedor. O Fred, por exemplo, só existe hoje como ídolo do Fluminense por causa da Unimed - disse Celso, que reconheceu a dificuldade de fazer futebol com pouco dinheiro. 


Como a Unimed rompeu com o Flu antes do término do contrato, precisou administrar os contratos de imagem que tinha com alguns jogadores. De acordo com Celso, tudo foi resolvido. Ele revelou decepção com Fred: 

- Com a saída da empresa, comuniquei aos jogadores que não poderia fazer mais pagamentos dos direitos de imagem. Não haveria a exploração da imagem, o que ocorria nos jogos. Gum e Cavalieri tiveram contratos terminados e, na renovação, apenas o Fluminense participou. Houve acordo com Jean, Conca foi resolvido na saída dele. Wagner também saiu. Wellington Silva foi resolvido. Me parece que há uma pendência apenas com Cícero ainda. Eu gosto muito dele. Com o Fred, não houve acordo. Tivemos de fazer um pagamento totalmente desfavorável à empresa. E ele dizia que gostava muito de mim. Esse comportamento revelou um caráter duvidoso. Ele só é ídolo do Fluminense pois a Unimed ajudou a trazê-lo.

Em 2016, o Flu terá eleição presidencial. O segundo mandato de Peter chegará ao fim. A tendência é de que Mario Bittencourt seja candidato. Celso Barros avalia a possibilidade de concorrer.

Fonte: Ge
Texto: Fred Huber, Hector Werlang e Sofia Miranda