Waldir Pereira



"O Príncipe Etíope de Rancho" era seu apelido, dado por Nelson Rodrigues (ilustre dramaturgo e torcedor fanático do Fluminense). Com classe e categoria, foi um dos maiores médios volantes de todos os tempos, um dos líderes do Fluminense entre o final da década de 1940 e meados da década de 1950 e também do Botafogo, após isso, além de ter criado a "folha seca".

Esta técnica consistia em bater na bola, com o lado externo do pé, de modo a fazê-la girar sobre si mesma e modificar sua trajetória. Ela tem esse nome pois esse estilo de cobrar falta que dava à bola um efeito inesperado, semelhante ao de uma folha caindo.

O lance ficou famoso quando Didi marcou um gol de falta nesse estilo contra a Seleção do Peru, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958.

Além da particularidade da folha seca, Didi também é conhecido como a primeira pessoa a chamar o jogo dejogo bonito.

Quando chegou ao Flu, em 1949, Didi rapidamente ganhou destaque e assumiu a titularidade do esquadrão tricolor que brilharia na década de 50 com Castilho, Pinheiro, Telê Santana, Carlyle e o técnico Zezé Moreira. Suas atuações cheias de categoria, habilidade e muita qualidade encantaram a todos no clube e na imprensa. Em 1950, teve a honra de marcar o primeiro gol da história do Maracanã, jogando pela seleção carioca. O craque foi um dos principais jogadores do Fluminense nas conquistas do Campeonato Carioca de 1951 e da emblemática Copa Rio de 1952 (tida quase como um Mundial na época e organizada pela CBD e pelo Fluminense, em homenagem aos 50 anos do tricolor carioca).

O torneio teve a participação de equipes como Áustria Viena (AUS), Peñarol (URU), Sporting (POR), Grasshopper (SUI), Libertad (PAR) e Corinthians (BRA). O Flu fez uma campanha impecável com vitórias sobre Grasshopper (1 a 0), Peñarol (3 a 0), Áustria Viena (1 a 0 e 5 a 2) e Corinthians, na final, por 2 a 0. Mas aqueles seriam os únicos títulos de Didi no clube das Laranjeiras, que teve que assistir aos canecos de Vasco e Flamengo de 1952 a 1956. Mesmo sem títulos, o jogador seguiu como ídolo e teve uma grande sequência de jogos. Pelo Flu, foram 298 jogos e 91 gols. Suas atuações, claro, o levaram para a seleção brasileira.

Também fez, em 16 de junho de 1950, o primeiro gol da história do Maracanã pela Seleção Carioca juvenil, defendendo o seu clube do coração, num jogo contra a Seleção Paulista.

Liderou a Seleção Brasileira na conquista do Campeonato Pan-Americano de Futebol, disputado no Chile, na primeira conquista relevante da Seleção Brasileira no exterior, tendo jogado ao lado de Castilho, Waldo, Telê Santana, Orlando Pingo de Ouro, Altair e Pinheiro, entre outros.

Foi campeão mundial, já atuando pelo Botafogo, clube pelo qual também acabou se apaixonando. No alvinegro, era o maestro de um grande elenco. Jogou ao lado de Garrincha, Nílton Santos, Zagallo,Quarentinha, Gérson, Manga e Amarildo.

O Botafogo foi o clube pelo qual Didi mais disputou partidas: fez 313 jogos e marcando 114 gols. Foi campeão carioca pelo clube em 1957, 1961 e 1962 e também venceu o Torneio Rio-São Paulo de 1962, mesmo ano em que venceu o Pentagonal do México e, no ano de 1963, o Torneio de Paris.

Chegou a jogar no famoso time do Real Madrid, ao lado do craque argentino Alfredo Di Stéfano e do húngaroFerenc Puskás, mas teria sofrido um boicote na equipe, segundo se comenta, que teria partido de Di Stéfano.

Em 1964 foi transferido ao São Paulo, porém a equipe paulista não tinha grandes jogadores e estava empenhada em terminar a construção do seu principal patrimônio, o Estádio do Morumbi. Sendo assim, Didi começou a pensar na aposentadoria.

Na Copa do Mundo de 1970 seria o técnico da Seleção Peruana (classificando o país para a sua primeira Copa do Mundo desde a de 1930) na derrota para a Seleção Brasileira por 4 a 2.

Didi também foi um dos técnicos do Fluminense, na fase que o time tricolor era conhecido como A Máquina Tricolor (1975/1976), pela qualidade excepcional de seus jogadores.

No começo de 1981, Didi chegou a ser o técnico do Botafogo, mas foi substituído do cargo durante o ano.

Ficha Técnica

★ 08/10/1928 ✝ 12/05/2001
Local de Nascimento: Campos, RJ
Posição: Meia
Período: 1949-1956
Jogos: 297
Gols: 95
Principais Títulos: Copa Rio (Mundial) 1952 / Campeonato Carioca 1951

Seleção Brasileira
Jogos: 74
Gols: 21
Títulos: Copa do Mundo 1958, 1962 / Campeonato Pan-Americano 1952 / Taça do Atlântico 1956 / Taça Oswaldo Cruz 1955, 1958, 1961, 1962 / Taça Bernardo O’Higgins 1955, 1961
Copa do Mundo: 1954, 1958, 1962.