Procurador diz que Flu deve ir ao DF por acordo e cita Vasco como exemplo


Além da diretoria do Fluminense, os próprios torcedores decidiram se mobilizar para tentar encontrar uma solução para as seguidas penhoras nas receitas do clube. Na última terça-feira, um grupo de 100 tricolores protestou em frente à sede da PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional) e quatro deles conseguiram um encontro com o procurador Agostinho Netto, responsável pela regional do Rio de Janeiro. Ouviram do funcionário público que o processo estava fora de sua alçada e teria que ser discutido em Brasília.

A medida já foi adotada pelo clube anteriormente, mas sem sucesso. O presidente do Tricolor, Peter Siemsen, viajou três vezes para a capital do país e teve encontros com senadores, membros da AGU (Advocacia Geral da União) e do Ministério da Fazenda. A força-tarefa dos torcedores teria ouvido de Agostinho na última terça-feira que o clube das Laranjeiras deveria seguir a mesma estratégia do Vasco, que conseguiu o acordo para parcelar uma dívida de R$ 100 milhões por meio de decisão federal.

"Ele disse que está fora da alçada dele, que é uma questão muito grande e por isso pouco poderia fazer, mas recebeu o abaixo-assinado e declarou que levaria aos seus superiores. Forneceu um número de protocolo para acompanhar o caso pela internet. Mas é pouco, vamos seguir protestando, não importa onde a solução tenha que ser encontrada", disse o torcedor Marcos Vinicius Caldeira. 

O parcelamento dos débitos do Vasco com a Fazenda Nacional começou a ser costurado há mais de um ano e contou com influência política. O equacionamento permitirá ao Cruzmaltino receber as certidões negativas de débitos e assinar o contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal. 

O Fluminense deve mais de R$ 100 milhões à Fazenda Nacional. Desse montante, o time tentava desde o início de 2012 o parcelamento de uma dívida de R$ 31 milhões, que estava não equacionada. As propostas de pagamento não foram aceitas pela entidade e o clube passou a ser penhorado em receitas de cota de transmissão da TV Globo e premiações. Sem dinheiro, a bola de neve fez com que o Tricolor também fosse excluído do refinanciamento da Timemania em junho, por atrasar três parcelas

A diretoria argumenta que outros clubes conseguiram parcelar seus débitos na Fazenda com propostas menos vantajosas de pagamento e que as penhoras criaram a impossibilidade de pagar a Timemania. O Tricolor ainda não viu o dinheiro das vendas de Wellington Nem e Thiago Neves. Os salários dos funcionários que ganham mais que R$ 2 mil por mês estão atrasados em agosto, assim como dos jogadores. Se conseguir o acordo com a PGFN, o Flu encerraria o bloqueio em suas receitas.

Os argumentos de Agostinho Netto, que chegou a procurar a Polícia Federal para registrar ameaça de torcedores tricolores, não convenceram a maioria dos presentes na manifestação. Eles reclamaram do fato do procurador ter 'lavado as mãos' após meses de negociações que não se confirmaram na regional do Rio.

"Ele diz que o problema não está mais aqui, mas já esteve. Agora é fácil dizer que não tem responsabilidade. Não falo em nome do clube, mas brigarei para que ele seja processado pelo modo como prejudicou o Fluminense. De direito eu entendo, sofremos uma covardia", disse o tesoureiro do Fluminense, Fábio Dib. 

Na última sexta-feira, os salários de junho de funcionários e dos jogadores que não recebem direito de imagem pela Unimed foram quitados. Com isso, o Tricolor se tranquilizou momentaneamente e protegeu principalmente promessas das categorias de base, que poderiam pedir rescisão contratual caso o atraso completasse três meses no dia 5 de setembro.

Fonte: UOL