Entrevista com o ídolo Marcão

1 – Você chegou ao Fluminense em um dos piores momentos de nossa história e ajudou a reconstruir o Clube para que o mesmo voltasse ao patamar de outrora. Como foi o início no Clube? Sente orgulho dessa trajetória?
Foi um início bem difícil, com bastante trabalho. Ainda bem que o Fluminense na época levou o Parreira, que é uma grande pessoa, um torcedor nato, um tricolor nato e com o peso e o respeito que ele tem realmente o time ficou muito forte. Mas, a trajetória foi bem difícil, todo mundo queria jogar contra o Fluminense porque era um grupo forte, vencedor, um grupo de homens, tanto que conseguimos dar um passo importante, para ver o Fluminense hoje como ele está.

2 – Quando você deixou o Fluminense para atuar no Al-Arabi, do Qatar, em 2005, o que deu errado? Como foi o seu retorno ao Tricolor. O técnico era o Abel Braga, assim como hoje, teve algum desconforto?
Na verdade eu não queria nem sair, mas a possibilidade de conhecer outro país, outra cultura era muito boa, além disso, o valor era algo indiscutível, que eu não tinha como recusar. Mas quando eu cheguei lá, realmente não entendi o que aconteceu, pois na verdade o treinador não me queria lá desde o início. Foi muito estranha aquela situação toda. Tanto que criou um desconforto muito grande e em um período de dois meses acertamos o meu retorno ao Brasil. Mas foi um período de aprendizado puro. Chegando aqui no Brasil fui recebido de braços abertos pelos torcedores, que sempre me apoiaram, e o Fluminense também me recebeu muito bem. E, graças a Deus, eu tive a oportunidade de estar nesse time que sempre torci e sempre gostei muito.

3 – Você era um jogador de poucos gols no Fluminense, porém fez gols importantes, como o que eliminou o Botafogo da Sul-americana e contra a mesma equipe aquele golaço de bicicleta. Esse foi o mais bonito da sua carreira? Qual dos rivais você mais gostava de enfrentar?
Verdade, sempre sobrava uma bolinha boa sem goleiro contra o Botafogo. Os gols foram poucos, mas importantes. No final de 2002, eu tive a felicidade de fazer um gol contra o Americano e na final de 2005 também contra o Volta Redonda, na última partida. Mas sem dúvida, o mais bonito foi esse de bicicleta contra o Botafogo. Não tinha assim um rival específico, eram todos e, principalmente, quando a gente saía vencedor, que ficava bem interessante. Mas eu não tinha essa questão de preferência.

4 – Qual foi o momento de maior emoção vestindo a camisa do Fluminense? E qual foi sua maior decepção como jogador Tricolor?
Sem dúvida, a conquista dos títulos e quando estava perto do torcedor. Poder levar este momento de alegria para eles era uma sensação maravilhosa. Ver tudo aquilo, o resultado do trabalho e os torcedores apoiando, vibrando. Tudo isso ficou muito marcado para mim. E o momento mais difícil foi na final da Copa do Brasil contra o Paulista em São Januário, que foi bem difícil e não conseguimos o resultado. Foram 95 minutos em cima do adversário sem conseguir fazer o gol.

5 – Não temos a menor dúvida que você é hoje um apaixonado pelo Fluminense. Chegou a atuar pelo Vasco da Gama e Bangu no Rio de Janeiro. Quando garoto você já era Fluminense? Pra qual time torcia?
Na verdade, a minha família era dividida entre Botafoguenses e tricolores, que era a de Petrópolis. Então a maioria sempre foi de tricolores. E o meu pai sempre que podia me levava para assistir aos jogos em Moça Bonita e em outros lugares e eu sempre via os jogos do Vasco, Botafogo, Flamengo, mas, o carinho especial sempre foi com as cores do Fluminense.

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6 – Você está em todos os movimentos da torcida, vai ao estádio torcer  e a cada dia ganha mais admiração da torcida. Você se considera um ídolo do Fluminense?
Eu sou bastante participativo e vivo tudo com muita emoção. Eu gosto de estar nos jogos. Claro, às vezes questionamos uma atitude ou outra dos jogadores, dos treinadores, mas tudo por ser pura emoção. Como jogador, muitas vezes precisava segurar a emoção, mas agora como torcedor dá para curtir ao máximo, torcer, vibrar.

7 – Você saiu do Fluminense sem uma grande despedida e dispensado como um “jogador comum”, mesmo com o carinho da torcida. Isso te deixou magoado de alguma forma? Como foi a sua saída do Tricolor?
O primeiro momento foi difícil e também era um ano em que o clube estava passando por certa dificuldade. Mas eu fui muito bem no campeonato. Se o clube jogou 34 partidas eu participei de 32. Eu já tinha conversado com os com os dirigentes e feito um acerto em relação ao contrato do dia seguinte e isso foi o que mais me desapontou. É lógico que eu gostaria de ficar mais tempo, mas são coisas que acontecem. Eu estava muito confortável com toda estrutura do clube, com o torcedor, mas aconteceu. É claro que eu também queria uma despedida, como hoje acontece bastante, mas hoje eu curto e muito como torcedor, sem problemas.

8 – Quando se aposentou como jogador tentou a carreira de treinador e hoje está sem clube. Desistiu da carreira ou aguarda oportunidades? Já pensou em trabalhar como técnico no Fluminense um dia?
Já tive experiências como treinador, recentemente eu estive em Recife como auxiliar do Waldemar Lemos, que também me convidou para ser auxiliar no Atlético Goianiense. Mas hoje eu estou buscando novas oportunidades e tirei um ano para estudar. Estou sendo cuidado pela Cemm, uma empresa séria de gestão estratégica, que me ajuda a tomar as decisões certas. Estou realizando cursos na área de gestão esportiva para aprimorar meus conhecimentos e no momento estou fazendo um estágio de gestão esportiva com o Rodrigo Caetano no Fluminense. E a partir do final do ano veremos o melhor caminho a se tomar.

9 – Você tem um bom relacionamento com muitos jogadores, incluindo o Thiago Silva, que sempre te manda camisas, vocês saem juntos etc. Gostaria de ver o “Monstro” vestindo a camisa do Fluminense novamente?
Eu já cobrei a ele e daqui a um pouquinho ele terá de retornar para defender aqui essas cores. E ele tem também um carinho muito especial com o Fluminense. Eu estava lá e a gente assistia aos jogos do Fluminense juntos e quando ele está aqui no Brasil sempre vai assistir nos estádios. Tenho certeza que ele vai voltar a vestir essa camisa.

10 – No time atual, você como torcedor tem algum ídolo? O Fluminense está bem representado com os volantes do elenco?
Eu sempre admirei o trabalho do professor Abel, que é uma pessoa maravilhosa. Os meninos Fred, Berna, Thiago Neves são todos muito fortes e essa coisa de citar nomes é complicada porque a gente sempre acaba esquecendo alguém que deveria falar com toda certeza. Se a gente der um nome só acaba sendo injusto, porque são tantos que eu admiro. O Fluminense está muito forte e é só o Abel fechar os olhos e deixar os meninos. Em relação aos volantes, o time está muito bem servido. Tem o Jean, que estava fora e agora voltou e está muito bem, o Valencia, o Diguinho sempre que pode entra e vai bem, o time está de fato muito forte e bem servido.

Fonte :Portal Fluminense