10 reflexões distintas e isentas sobre a rodada #31

1 – A sorte, esse detalhe. O Avaí brigou – mas foi dominado pelo Botafogo durante 70 minutos de jogo pelo menos na Ressacada. O Botafogo perdeu pelo menos cinco chances na pequena área. O goleiro Felipe parecia estar com um imã – a bola simplesmente rumava pra ele com os desvios mais improváveis. O gol perdido por Herrera, no primeiro tempo, foi de antologia: livre, na pequena área, a menos de um metro do gol – resolveu chutar com estilo. Felipe se jogou na bola, que bateu nele e saiu. Se Herrera desse um simples toque – seria gol.

1.1 – O Avaí ganhou graças a suas virtudes ofensivas – comandadas por Lincoln – que gira a bola e se desloca certo o tempo todo. No lance decisivo, o Botafogo simplesmente esqueceu de marcá-lo na meia-lua. Mas a defesa avaiana continua um salseiro impressionante. O jogo poderia, facilmente, ter acabado com uma goleada para o time carioca – tantas foram as chances desperdiçadas. Com Guga e tudo, fica difícil apostar na permanência do Avaí.

1.2 – Com isso, o Botafogo perdeu seis pontos em seis possíveis – e se afastou da briga pelo título. Ainda é possível, claro – mas dada a má fase de Elkeson – e a fragilidade defensiva recente – soa pouco provável. O Botafogo já perdeu nove vezes no campeonato. Desde que os pontos corridos começaram, em 2003, o campeão que mais perdeu… perdeu justamente nove vezes (e isso contando campeonatos até 2005, quando tivemos mais que 38 jogos).

2 – Sem Fred nem Rafael Moura, o Fluminense fez questão de ampliar suas dificuldades no Engenhão – e empacou quando prometia arrancar. É evidente que Fred – na fase atual – faz muita falta. Foi a décima-terceira derrota do Fluminense no campeonato. Só os times que brigam pra não cair perderam mais.

2.1 – A vitória é tudo que o Atlético-MG precisava para arrancar e deixar de vez a degola. Com os três pontos conquistados no Engenhão, o Galo – que já vinha jogando com raça, traz a torcida de vez para seu lado antes de dois jogos em casa contra times que andam devagar: Palmeiras e Grêmio. Com duas vitórias, os Cucas pulariam para 39 pontos - e vão precisar de mais quatro ou cinco pontos para garantir a permanência na Série A.

2.2 – Abel não ganhou adeptos entre os torcedores tricolores com sua escalação repleta de volantes.

3 – Flamengo e Santos fizeram um primeiro tempo horrendo no Engenhão – parecia um jogo entre casados e solteiros. Não fosse por Neymar – e pelo grito estridente das Neymarzetes – e o tédio teria sido absoluto. No segundo tempo, o Santos resolveu ensaiar uma graça ou outra – fez 1 a 0 num penal depois de uma arrancada de Allan Kardec (!!!) e poderia ter feito o segundo em outro penal – que o juiz Paulo Henrique Godoy Bezerra resolveu não marcar. Depois, o auxiliar cuidou de resgatá-lo – ao anular um gol legal de Alex Silva.

3.1 – Há quem diga – com razão – que pênalti não é gol. Mas pergunte-se ao torcedor do Flamengo: você, perdendo por um a zero, trocaria aquele penal sobre Neymar (e o provável 2 a 0) pela não-anulação futura? Com 2 a 0 contra – e o time que o Flamengo tinha em campo – qual era a chance de empate? O Flamengo, sem Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, tem a criatividade de um urubu lobotomizado.

3.2 – O Santos já está pensando em Tóquio – claro – mas vai precisar correr um pouco mais se quiser ganhar ainda esses três pontos restantes para exorcizar o rebaixamento. Se jogar como jogou no Engenhão, com vontade relativa, pode vir a sofrer. Mas bom… basta ganhar um jogo.

3.3 – E basta, em tese, escalar o Neymar – que tem a chamada fome positiva. Quer jogar – e jogar muito – em qualquer pelada. Em qualquer partida – em qualquer gramado, a criança joga e diverte – e sorri, e parte pra cima. Todo jogo com Neymar tem potencial de valer história. Nesse campeonato ele já fez dois gols de antologia. A autoconfiança do moleque é impressionante – assim como o talento.

4 – O Grêmio conseguiu ceder o empate ao América-MG, apesar de ter um jogador a mais. O zagueiro Anderson – que falhou na defesa num gol gremista… foi ao ataque buscar o empate. Hello 2012?

4.1 – O América-MG segue brioso – e a sete pontos da superfície. A previsão é que confirme sua queda até a rodada #35.

5 – O Inter está mais do que vivo na briga pela Libertadores. Mas o gol corinthiano aos 44 minutos é daqueles que remove o vento das velas. Pior será lembrar o lance em que Ilsinho partia livre pela direita – com mais de metro de condição legal – e que o quase sempre eficiente Roberto Braatz conseguiu enxergar impedimento.

5.1 – Os erros de arbitragem, nas últimas rodadas, voltaram a acontecer em profusão. Alguns deles são tão gritantes e decisivos que retomam a velha ladainha: a arbitragem brasileira é ruim. Não é – é boa e igual às outras. Só não tem câmeras e replays. Há juízes bons e ruins – honestos e desonestos, como em qualquer profissão. E eles, como qualquer ser humano, sofrem pressões – e lidam mal ou bem com elas. Só não dá pra exigir olho-de-câmera deles. Dizer que “todos são ruins” é cair na mesma tentação generalista e míope de quem critica políticos, imprensa ou qualquer função pública.

6 – E o São Paulo? Com o eterno auxiliar Milton Cruz, o time esbarrou no bom goleiro Vanderlei… e em alguma inapetência finalizadora. Luís Fabiano jogou bem – e esteve perto de marcar duas vezes – mas o goleiro evitou. Agora, o tricolor paulista joga todas suas fichas contra o Vasco em São Januário – num jogo repleto de desfalques: o Vasco não terá Fágner e Diego Souza. O São Paulo não terá Dagoberto.

6.1 – Dagol, aliás, mais uma vez escapou de ser expulso por leniência arbitral. Sua entrada por trás com oito minutos de jogo era pra cartão vermelho direto.

7 – O Coxa também já entrou no movimento Hello 2012. Não cai e já sacou que não vai pra Libertadores. A Sul-americana precisa de um esforcinho mínimo.

7.1 – Quem voltou a sonhar alto foi o Figueirense. O ótimo trabalho de Jorginho – com alguns refugos cariocas (Wilson, Túlio, Ygor, Édson, Wellington Nem, Maicon, Júlio César – todos passaram por times do Rio) está dando frutos. Os laterais Bruno e Juninho tem jogado bem – e… se vencer o Bahia, o Figueira vem ao Rio enfrentar o Botafogo com moral. Júlio César e Wellington Nem, dois jogadores do Fluminense, tem jogado muito.

7.2 - Outro dia, há umas seis rodadas, o Palmeiras estava na briga pela Libertadores. Hoje, com 41 pontos, o time é o décimo-terceiro colocado do campeonato.

8 – A demissão de Estevam Soares no Ceará era previsível. O time vinha jogando com inspiração zero – e sem aparentar urgência alguma. A situação é ruim mas com gás renovado, o Vovô pode se salvar. O time é limitado – mas tem o talento de Osvaldo (que não jogou nesta rodada) – e ainda pega Fluminense, Corinthians e Cruzeiro no PV.

9 – O Vasco dominou o Bahia durante quase o jogo todo em Pituaçu. Mas foi também ajudado pelos caprichos do destino. E se… o chutaço de Fabinho entrasse em vez de bater no travessão no início do jogo? A partida poderia ser outra. Mas a vitória foi do melhor time – que ainda teve um gol de Diego Souza mal anulado. Allan e Fágner jogaram muito bem, infernizando o setor esquerdo do Bahia – se revezando e trocando de posição o tempo todo.

9.1 – Cristóvão, que tinha sido criticado por sua suposta escalação com quatro volantes – jogou Felipe para o meio com Jumar fechando o setor esquerdo… e calou os críticos. O Vasco encurralou e dominou o Bahia – tanto que Joel Santana admitiu a superioridade adversária após a partida. Em suma: palmas para o homem da gravata roxa.

As seleções da rodada

Seleção: Vanderlei (CFC), Fágner (VAS), Dedé (VAS), Rever (CAM) e Héracles (CAP); Pierre (CAM), Felipe (VAS) e Cleverson (AVA); Neymar (SAN), Anselmo Ramon (CRU) e Wellington Nem (FIG).Técnico: Cristóvão (VAS).

Selebaba: Fernando Henrique (CEA), Lucas (BOT), Maurício Ramos (PAL), Micão (AMG) e Gabriel Silva (PAL); Chico (PAL), Careca (CEA), Fernando Bob (FLU) e Luan (PAL); Martinuccio (FLU) e Herrera (BOT). Técnico: Abel (FLU).

Fonte: Coluna Dois

Postar um comentário

0 Comentários