Interino por dois meses, Enderson resume experiência no Flu: ‘Intenso'

Vitória sobre o Atlético-GO foi a última do treinador no comando do Tricolor. Leomir, auxiliar do Abel, assume o bastão a partir da próxima quarta-feira.

Sessenta e seis dias, doze partidas, uma classificação histórica e alguns problemas para administrar. Enderson Moreira chegou ao Fluminense como substituto interino de Muricy Ramalho. Até aí, nada demais. Entretanto, o longo período à frente da equipe e a participação em compromissos importantes transformou a passagem de profissional pelas Laranjeiras intensa, como ele mesmo definiu após vencer o Atlético-GO em sua despedida do cargo.

Com um histórico de passagens pelas categorias de base do Internacional, Enderson Moreira estreou com uma vitória suada diante do América do México, no Engenhão, que renovou as esperanças tricolores na Libertadores. Tempos depois, um novo triunfo, por 4 a 2 sobre o Argentinos Juniors, em Buenos Aires, garantiu a improvável classificação para as oitavas de final e fez com que seu prestígio crescesse nos bastidores.

Nem tudo, porém, foram flores. O poder limitado pelo prazo de validade estabelecido com a contratação de Abel Braga fez com que tivesse a liderança questionada em algumas situações. Mais de um jogador questionou publicamente opções do comandante, como Souza, que não aceitou bem a reserva, e Fernando Bob, que ignorou suas desculpas por substituição no vestiário, após duelo contra o Libertad, no Engenhão.

A equipe paraguaia, por sinal, foi responsável pelo maior pesadelo na temporada de Enderson à frente da equipe. Os 3 a 0 em Assunção não decretaram somente o fim do sonho da Libertadores como também potencializaram a expectativa pela chegada de Abel. Se até ali o interino era visto como “suficiente”, a partir do jogo no Defensores Del Chaco o futuro treinador passou a ser definitivamente o salvador da pátria.

Dispensado no período em que Enderson estava no clube, o Sheik Emerson levantou a bola para outra polêmica envolvendo o nome do treinador. Segundo ele, conversas de bastidores com jogadores influenciavam na escalação da equipe. Teoria sempre negada veementemente pelo técnico em entrevistas coletivas.

Contra o Atlético-GO, domingo, no Serra Dourada, o turbilhão de problemas e fortes emoções que Enderson Moreira viveu nos últimos dois meses chegou ao fim. A vitória por 1 a 0 foi a última sob seu comando e decretou um retrospecto de sete vitórias, dois empates e três derrotas em 12 jogos. Números positivos para um desconhecido que assumiu o Flu em crise, mas que não foi suficiente para levar a equipe às semifinais da Libertadores ou ao título Carioca.

Na próxima terça-feira à noite, Leomir, auxiliar de Abel Braga, chega ao Rio de Janeiro e já comanda a equipe diante do Cruzeiro, domingo, às 18h30m (de Brasília), no Engenhão. A partir desta data, Enderson passará a desempenhar nova função, ainda não definida, no departamento de futebol. A tendência é que faça a “ponte” entre as categorias de base e o profissional. Antes de se despedir, ele avaliou o trabalho desempenhado no comando do atual campeão brasileiro e se mostrou satisfeito.

- Tenho tranquilidade de ter feito o meu melhor e tentar fazer com que o Fluminense saísse da condição difícil em que se encontrava. Não foi com conquista, infelizmente, nem com a vaga na semifinal da Libertadores, mas foi com qualidade e resultados favoráveis. As derrotas acontecem. Temos que saber tirar proveito desses momentos.

Exposto publicamente em momentos bons e ruins pela primeira vez na carreira, Enderson Moreira garantiu ter tirado lições da experiência tricolor.

- Sempre falo que a vida é um aprendizado constante. Esses quase 70 dias foram de muita intensidade, com uma exposição que não tinha o costume, mas minha preparação sempre foi para esses momentos. Quero continuar ajudando o Fluminense da melhor maneira possível da forma que for colocado.

Apesar de discordâncias internas e de ter tido a liderança questionada em determinados momentos, o treinador fez questão de elogiar o elenco do Fluminense. Abraçado por todo o time na comemoração do gol marcado por Leandro Euzébio, que garantiu a vitória em Goiânia, Enderson vê como positivo o saldo de dois meses de relacionamento e elogia os comandados.

- Por mais que muita gente ache que só exista problema, é um grupo qualificado, que abraçou um treinador que não tem nome, que é funcionário do clube e recém-contratado. É um grupo de muito caráter. Fico feliz pela prova de integridade, e isso não tem preço.

Por fim, Enderson Moreira recebeu o pedido para fazer um panorama geral do Fluminense que Abel Braga e sua trupe vão encontrar nas Laranjeiras. Entretanto se esquivou de dar detalhes, apesar de apostar no sucesso do substituto.

- Tanto o Leomir quanto o Abel estão acompanhando tudo, têm obtido informações do time. Mas vamos passar para eles principalmente que o grupo tem um poder de superação forte e com certeza vai conquistar grandes resultados. O Abel vai montar o time a sua maneira, isso demanda tempo, mas não tenho dúvidas de que o Fluminense vai disputar o título.

Ainda com Enderson Moreira como técnico, o elenco do Fluminense se reapresenta na próxima terça-feira nas Laranjeiras.

Fonte: Globo Esporte

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