Em busca de um par perfeito

Em sua única apresentação em Goiás este ano (foto), o Fluminense fez a alegria dos tricolores da região ao obter, no Estádio Serra Dourada, sua primeira vitória no Campeonato Brasileiro (gol de Leandro Euzébio), coincidentemente, como em 2010, também sobre o Atlético-GO, pelo mesmo placar (1 a 0), depois de estrear com derrota na competição.

Mas se naquela ocasião Muricy Ramalho começava a pavimentar seu trabalho, que culminaria com a conquista do título, desta vez, a partida marcou a despedida de Enderson Moreira no comando técnico. Contra o Cruzeiro, no próximo sábado, Leomir, da comissão de Abel Braga, será o treinador tricolor. Já Enderson, enfim, poderá ocupar o cargo de auxiliar permanente, função para o qual fora originalmente contratado. Apesar de correto e humilde, sua passagem de 66 dias à frente do time se notabilizou mais por substituições equivocadas do que propriamente pela escalação do time, na maioria das vezes, acertada.

Contra o Atlético-GO, Enderson Moreira mais uma vez errou ao tirar um atacante (Rodriguinho) para a entrada de Fernando Bob. Com três volantes, o time ficou praticamente engessado, perdendo de vez o contra-ataque quando sacou Deco, disparado o melhor em campo, para a entrada do jovem e talentoso Matheus Carvalho. O atacante jogou poucos minutos, mas, como Fred, isolado no ataque, praticamente não finalizou.

Rafael Moura, que só entrou nos acréscimos para esfriar o jogo, será o titular contra a Raposa, já que Fred, convocado por Mano Menezes, estará com a Seleção Brasileira, desfalcando o time pela segunda vez em três jogos.

Ainda sobre o capitão tricolor, sabemos todos, não anda jogando lá grandes coisas, mas, como disse Abel, “é desigual a carga que põem sobre ele”. Não que eu queira relevá-lo de responsabilidade, mas, no melhor estilo advogado do diabo, lanço uma pergunta aos estimados leitores desta coluna: pode um time que tem dois meias talentosíssimos, raridade nos dias de hoje no futebol brasileiro, e dois laterais, digamos, com algum conceito – um com passagem pela Seleção (Mariano); e o outro, como o primeiro, com prêmio particular de melhor jogador da posição (Júlio César) – ficarem 90 minutos praticamente sem fazer a bola chegar aos pés de seu melhor finalizador, seu exímio matador?

Fred pode não estar bem, mas o esquema, visivelmente, também não o favorece. Vê-se Fred brigando no ataque, na lateral, no meio e até na defesa. Estivesse um brinco o time, veríamos os laterais fazendo jogadas de linha de fundo e os meias encostando nos centroavantes, no caso de Fred, jogando de costas para os zagueiros, pronto pro giro e arremate, ou, de frente pro gol, explorando um de seus principais e mortais fundamentos, a cabeçada.

Não tenho dúvidas de que até hoje Fred sente muita falta de Maicon (foto), seu melhor companheiro no Flu (como chegou a propagar a torcida, quase uma reedição do Casal 20, formado por Assis e Washington, nos anos 80). Seus estilos se complementavam: Maicon, veloz e habilidoso, desarmava as defesas com dribles certeiros, chegando à linha de fundo e rolando pra trás, para a alegria de Fred, que raramente passava em branco. Seu entrosamento com Maicon se dava também no dia a dia, com Fred sempre enaltecendo as qualidades da prata da casa.

Mas durou pouco. Como acontece com a maioria das joias de Xerém, Maicon logo foi vendido e Fred ficou órfão de um atacante com características parecidas às de sua “cara-metade” (Émerson poderia ter sido este jogador, mas as lesões em série atrapalharam e a dupla raríssimas vezes jogou junta). Espera-se agora que Ciro, ou até mesmo Matheus Carvalho (de forma mais gradativa), façam as vezes de Maicon.

E que Fred, claro, recobre rapidamente sua melhor forma, para que, quando a oportunidade surgir (e o novo Maicon emplacar), esteja apto a fazer o que sabe de melhor, expert que é: muitos gols.

Fonte: Blog do João Marcelo

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