Os últimos três anos da carreira de Washington, o Coração Valente, foram dedicados a tricolores: o Fluminense, clube pelo qual atuou em 2008 e 2010, e o São Paulo, onde esteve do início de 2009 até o meio do ano seguinte. Pouco mais de três meses após anunciar sua aposentadoria, o ex-atacante diz nutrir carinho semelhante pelos dois times e tem dificuldades para apontar um preferido - o Flu leva pequena vantagem.
"Tive momentos importantes nos dois times, então é difícil falar. De repente, pode ser o Fluminense, por eu ter encerrado lá e ter sido campeão brasileiro", apontou ele, que não conquistou títulos pela equipe do Morumbi, em entrevista exclusiva à GE.Net.
Os problemas cardíacos que anteciparam o fim da trajetória de Washington nos gramados estão controlados, mas os percalços enfrentados e superados pelo Tricolor Carioca na Libertadores 2011 fizeram - e continuam fazendo - o coração dele disparar. "A gente sofre demais, vira torcedor".
Morador do Rio de Janeiro, dono de uma construtora e empresário iniciante no ramo musical, ele não esconde que sente saudades dos gramados e mostra que a auto-estima continua em dia. "Não pode comparar o Washington com 36 anos a Luís Fabiano e Fred com 28. Tem que comparar quando eu tinha 28 também. Aí a briga é boa!".
GE.Net: Como você recebe o reconhecimento dos torcedores? [momentos antes da entrevista, realizada em São Paulo, Washington deu autógrafo a um torcedor do Fluminense]
WASHINGTON: Isso é importante, é legal. O que mais importa para o jogador não é só o que ele vive quando está jogando, mas também o que deixa quando encerra a carreira. Tenho admiradores e isso me deixa muito feliz.
GE.Net: Já está com saudades de jogar?
WASHINGTON: Muitas! Sinto bastante falta e é por isso que venho disputar esse campeonato [Brasileiro de Futebol Sete Society], para poder passar o tempo e preencher esse vazio que ficou.
GE.Net: Tem planos fora do futebol?
WASHINGTON: Eu tenho uma construtora e sou empresário de uma dupla sertaneja de Brasília, João Pedro & Gabriel. Eles fizeram a música 'Coração Valente' para mim e tocavam direto no nosso título brasileiro do ano passado. Estão indo bem.
GE.Net: Então agora você é o empresário Washington? Ser técnico nem pensar?
WASHINGTON: Agora sou empresário. Tenho mais perfil de empresário, treinador não.
GE.Net: E o Fluminense? Está fazendo o coração sofrer com tanta dificuldade na Libertadores?
WASHINGTON: A gente sofre demais, vira torcedor, não tem jeito. O time fez um bom resultado diante do Libertad [3 a 1 no jogo de ida pelas oitavas de final] e tem tudo para se classificar.
GE.Net: O time está sendo chamado de 'guerreiro' e você tem participação nisso. Ainda se sente um integrante do grupo?
WASHINGTON: Sim, muitos torcedores falam que sou símbolo dos guerreiros, por causa do problema no coração que eu superei. E essa história começou em 2008, quando teve aquela Libertadores. Depois escapamos do rebaixamento no Brasileiro. Em 2009 foi pior ainda e conseguimos escapar também. Aí ficou a fama. Converso direto com o pessoal, me sinto como se fizesse parte. Não tirei aquele vínculo ainda. [O ex-atacante foi nomeado embaixador do clube na Libertadores quando se aposentou].
GE.Net: Vai querer uma medalha se o time for campeão?
WASHINGTON: Medalha não, mas com certeza vou ficar feliz pelo grupo. Tenho certeza que vão lembrar de mim, até porque iniciei o ano lá, fiz a pré-temporada com eles. Tenho muito carinho pelo Fluminense, a história foi muito bonita ali.
GE.Net: Você jogou em outro Tricolor, fez gols, mas era cobrado pela torcida. Ficou alguma mágoa depois da saída do São Paulo?
WASHINGTON: A torcida começou a pegar no pé também por causa daquela história da Libertadores 2008, quando fiz o gol no final pelo Fluminense e eliminamos o São Paulo. Mas me doei dentro de campo em todos os jogos que participei. Quando estava muito bem, com uma sequência de gols e jogos e a torcida já estava me entendendo, acabei saindo do time por opção [do técnico Ricardo Gomes]. As coisas poderiam ter sido melhores e também foi culpa minha, porque eu deixei-me abalar com aquilo em um momento em que eu era um dos artilheiros da Libertadores. Mas o carinho pelo São Paulo é grande. Fiz um trabalho muito bom também.
GE.Net: Qual dos dois times você prefere?
WASHINGTON: É difícil. Nos dois tive momentos importantes, felizes. De repente, pode ser o Fluminense por eu ter encerrado lá e ter sido campeão brasileiro. E tem a torcida que me recebeu de braços abertos quando voltei. Mas não tem uma escolha.
GE.Net: Quem está melhor em 2011?
WASHINGTON: Olha, o São Paulo montou um time muito bom e está jogando mais bonito, enquanto o Fluminense está em um campeonato mais importante. Não sei quem é melhor, mas se mesclasse os dois, seria uma seleção.
GE.Net: Caberia o Washington no ataque?
WASHINGTON: Na fase boa? Aí eu me garantia!
GE.Net: Com Luís Fabiano e Fred como concorrentes, você seria titular?
WASHINGTON: Eles são grandes jogadores. Não pode comparar o Washington com 36 anos a Luis Fabiano e Fred com 28 [nota da redação: Luís Fabiano está com 30 anos, enquanto Fred tem 27]. Tem que comparar quando eu tinha 28 também. Aí a briga é boa (risos).
Fonte: Super Esportes
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