Fluminense 3×1 Libertad – Os ciclos tricolores


A efetivação de Rafael Moura ao lado de Fred no ataque, fixando duas “torres” na área adversária, ajudou a transformar o Fluminense do treinador interino Enderson Moreira numa equipe tão letal quanto inconstante nas últimas partidas.

Desde os épicos 4 a 2 sobre os Argentinos Jrs, o 4-2-2-2 tricolor funciona melhor quando avança suas linhas, pressiona a marcação desde o ataque, aproxima Mariano de Conca e Júlio César de Marquinho pelos flancos e força os cruzamentos para a dupla de atacantes. Um prepara e o outro finaliza, lembrando em muitos lances Washington & Assis, o célebre “Casal 20” tri estadual e campeão brasileiro nos anos 1980.

Nos últimos três jogos, a dupla anotou cinco dois oito gols do Flu. Inclusive o de Rafael Moura que abriu o placar diante da equipe paraguaia seis minutos após os 55 que atrasaram o início do jogo por conta de nova queda de luz no Engenhão. Cobrança de escanteio da esquerda, Edinho desviou e o “He-Man” conferiu. Ecos do “Muricybol”.

Quando a equipe abre vantagem, porém, recua naturalmente e a proposta de jogo começa a apresentar problemas: a equipe não tem referência de velocidade na frente para receber os lançamentos e o meio-campo, com meias muito abertos e os volantes Valencia e Diguinho contidos, próximos dos zagueiros, não consegue trabalhar a bola. A saída: ligação direta para os atacantes buscando a combinação entre eles ou ganhar o rebote.

Não funciona e o Flu cede campo até sofrer o gol. Foi assim na Argentina, na semifinal da Taça Rio contra o Flamengo e no triunfo sobre o Libertad. Apesar de Edinho, mais uma vez na carreira, ter se adaptado rápido à zaga, a retaguarda ainda hesita em vários momentos e Berna continua inseguro nas bolas altas. No cruzamento da intermediária de Bonet, saída errada do arqueiro e gol de Gamarra.

Primeiro tempo: Flu no 4-2-2-2 que é funcional ocupando o campo de ataque e forçando os cruzamentos para a dupla de centroavantes, mas perde o contragolpe; Libertad cauteloso num 4-4-2 que só se impôs ofensivamente com o recuo excessivo do oponente.

Com o empate, o time de Enderson voltou a ocupar o campo de ataque e, por conseqüência, se impor fisicamente nas jogadas aéreas. A troca de Fernando Bob – improvisado na lateral-esquerda no lugar de Júlio César, que se contundiu na primeira etapa – por Araújo mudou o Flu taticamente: Valencia recuou para o lado esquerdo da zaga, Edinho e Gum passaram a revezar na sobra, Mariano avançou como ala, com Araújo descendo pelo lado oposto e Conca ganhou ainda mais liberdade para articular no 3-4-1-2 tricolor.

Não houve tempo para o Libertad repaginar a marcação de seu 4-4-2. Nem há como atribuir o golaço de Marquinho em chute de fora da área e a falta sofrida e muito bem cobrada por Conca no minuto seguinte à mudança do treinador. As manobras individuais definiram o jogo, pulverizaram a invencibilidade dos paraguaios e dão ao “cíclico” time das Laranjeiras vantagem interessante para a volta.

O Libertad deve contar com o retorno de González e Aquino, que fizeram falta ao meio-campo. Ficou claro, porém, que fragilidade dos adversários na fase de grupos mascarou o desempenho de uma equipe não mais que razoável.

Com a lesão de Júlio César, Enderson provavelmente terá que improvisar na lateral-esquerda ou manter o esquema com três zagueiros do final do jogo. Improvisar Fernando Bob foi erro assumido pelo treinador.

Independentemente do sistema, se o Fluminense ajustar seu padrão de jogo evitando as oscilações das últimas partidas, volta do Defensores del Chaco com a vaga sem o sofrimento que vem marcando a trajetória do “time de guerreiros”.

Fonte: Olho Nático

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