Era Muricy, agora é Mano

Plano B da CBF, técnico do Corinthians deve confirmar hoje que aceita treinar a Seleção Brasileira. Primeira opção, Muricy negou o convite por ter contrato com o Fluminense


Rio de Janeiro - Favorito na disputa pelo comando da Seleção Brasileira até quinta-feira à noite, Mano Menezes virou tampão. Com o repentino convite e a recusa de Muricy Ramalho ontem, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, partiu para o plano B e chamou o técnico corintiano para a vaga de Dunga. A tendência é de que ele aceite a proposta, mas a resposta oficial só sai hoje, em coletiva após o treino do Corinthians. A missão do futuro comandante, provavelmente Mano, é montar um novo grupo para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, já que a maioria do time que esteve na África do Sul não terá mais idade para jogar o próximo Mundial.


"Conversei com muitas pessoas, assisti a debates em vários programas esportivos e ouvi também torcedores para chegar a três nomes. O que determinou a escolha foi o entendimento de que é necessária uma imediata renovação na seleção, o que Mano Menezes iniciará já na convocação para o amistoso do dia 10 de agosto contra os Estados Unidos. O mais importante na escolha é o senso comum da importância da filosofia de renovação que será posta em prática", explicou Teixeira, que surpreendeu ao convidar Muricy quando todo mundo esperava por Mano.

Entre tapas e beijos. É assim a relação da CBF com o Fluminense do presidente Roberto Horcades, ex-médico de Ricardo Teixeira. Amigos de longa data, eles foram adversários na última eleição do Clube dos 13, o que abriu uma ferida na antiga parceria. Ontem, os dirigentes mediram forças mais um vez. O alvo de disputa foi Muricy Ramalho, que ao meio-dia era o novo treinador da Seleção Brasileira. Cinco horas depois, porém, a cúpula de futebol do tricolor anunciou: "Ele é o técnico do Fluminense até 31 de dezembro de 2012".

Muricy sequer havia sido sondado até quinta-feira à noite e a imprensa paulista apostava tudo no acordo com Mano Menezes. O primeiro contato aconteceu após a vitória tricolor sobre o Cruzeiro, na saída do Maracanã, através de um funcionário da entidade, que convidou o comandante para um café da manhã com Teixeira. A reunião, no Itanhangá Golfe Clube (na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio), ontem, durou cerca de uma hora e meia. O mandatário da CBF deixou o encontro ansioso por não ter um sim definitivo, mas confiante.

Em entrevista à TV Globo, Teixeira assegurou: "Muricy concordou com o projeto". A assessoria da CBF disse que o treinador aceitou o convite e apenas conversaria com o Fluminense sobre a liberação. Nos bastidores, membros da entidade davam como certo o acordo. Na saída da reunião, Muricy evitou a imprensa, mas revelou: "Quem não quer treinar a Seleção?". Os cartolas do clube carioca levaram um susto com a notícia que se espalhou rapidamente na imprensa. "Não vamos liberá-lo", disse o vice de futebol, Alcides Antunes.

Enquanto os jogadores como o goleiro Fernando Henrique lamentavam a saída de seu comandante, Celso Barros, presidente do patrocinador e fã número 1 de Muricy, mostrava calma. O que acertamos antes desse contato da CBF vai prevalecer. A palavra para ele tem valor maior do que uma assinatura", afirmou Barros, referindo-se a um acordo verbal de prorrogação por dois anos do contrato, que termina em dezembro.

Até as 12h, a diretoria do Fluminense não havia recebido aviso algum de Muricy sobre a conversa com Teixeira. Foi o empresário do treinador, Márcio Rivelino, quem ligou informando que o técnico só deixaria o clube se fosse liberado amigavelmente, no caso. Como resposta, ele escutou: "Não temos interesse algum em liberá-lo". Se a diretoria mantinha viva a esperança de segurar o comandante, a torcida lotava as Laranjeiras em busca de respostas e lamentava muito a suposta perda.

O clima era de velório. Embora valorizem a bela campanha de Cuca, há um consenso entre os torcedores de que a equipe só chega ao título nacional se continuar com Muricy. "Como competir com a CBF?", perguntou um tricolor, desolado. "Não tem outro técnico desse nível, nem Abel (Braga). Que azar! Logo agora que lideramos o Brasileiro", emendou o amigo.

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